EMPREENDORISMO E GESTÃO

Nos últimos 12 anos participei efetivamente da elaboração do plano estratégico e acompanhei a implantação de modelo de gestão por resultado em mais de 80 empresas. O número é expressivo, mas verdadeiro. Como professor e orientador técnico da FDC tenho peregrinado pelos principais estados do nordeste, atuando em empresas dos mais diversos portes, ramos de atuação e peculiaridades no modelo de gestão.

Sem ter a pretensão de criar regras ou impor verdades, quero me valer desta coluna para compartilhar com vocês um pouco desta experiência.

O primeiro tema que vou abordar será sobre o Empreendorismo.  Longe das definições técnicas e do significado acadêmico da palavra, para mim, Empreendorismo é um dom que não se aprende em escola. Costumo fazer uma analogia em minhas palestras que vale repetir aqui: assim como não se fazem Neymares em escolinhas de futebol, o empreendedor já nasce pronto. A escola e a orientação técnica podem aperfeiçoar a performance, mas não criá-la.

Uma coisa que me fascina na minha profissão é conhecer os empreendedores. Tenho clientes com a mais primária formação acadêmica que faturam meio bilhão por ano e gerenciam negócios com mais de mil funcionários, há mais de 30 anos. Isto tem um lado bom e outro ruim. É excepcional perceber do que o ser humano é capaz. Por outro lado é preocupante ver empresas familiares, cujo sucesso da gestão e dos negócios se deve exclusivamente à exímia capacidade empreendedora do seu sócio fundador.  Sócio este que já deveria estar pensando em reduzir sua carga de trabalho e desfrutar de tudo que construiu na vida mas que não pode deixar o posto. Um CNPJ não pode depender tanto de um CPF. As empresas precisam buscar gestão. Gestão é método.

É como se um empreendedor fosse um grande cozinheiro. Basta colocar os ingredientes na frente dele, dizer quantas pessoas irão comer e a que horas ele deve servir o prato. Certamente ele fará um delicioso banquete com os recursos disponíveis em sua mesa. Se faltar um tempero ou ingrediente ele compensa com outro. Se precisar de fazer o prato render mais, ele dá seu jeito. Mas quando a operação precisa ser repetida sem ele poder estar o tempo todo por perto, a única coisa que garante a ele que o prato ficará próximo do que ele faria é uma receita. Aquilo que ele tem na cabeça e faz quase que por instinto, agora precisa ser descrito para que outro possa seguir. A receita nada mais é do que um método.

Nas empresas acontece a mesma coisa. O empreendedor, que tinha tudo na cabeça, que contratava um funcionário assertivamente apenas com uma conversa de 30 minutos, agora não tem mais como participar do processo de contratação. O que substitui o seu assertivo faro? Um processo de contratação bem definido. E isto vale para toda a empresa. Quando ela cresce ao ponto do empreendedor não conseguir mais ser onipresente, a empresa precisa de metodologia. Metodologia é gestão. Gestão é o que faz o CNPJ não depender do CPF.

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